sexta-feira, dezembro 31, 2010

Guerra contra homofobia

Bianca era uma garota com poucas amizades. Ela não tinha um comprotamento parecido com a maioria, mas se sentia normal, nunca se achou estranha. Cabelo, maquiagem, roupa... tudo ela escolhia sozinha, adiquiriu uma independência que poucos jovens de 14 anos conseguem, graças à educação que recebe no seu colégio, que é público mas fazia um ótimo trabalho.
Recebeu, como todos seus colegas da escola, quando tinha 10 anos, o kit "combate à homofobia". Aprendeu na escola tudo o que era certo sobre como se comportar como um homossexual e mostrou aos seus pais. Exigia, assim, ser tratado como uma menina pois é o que ele escolheu ser. É minha natureza - ela/ele dizia - quero ser mulher.

Bianca encontrava apoio no grupo de amigos GLBTS que convivia na escola. Discutiam como se comportar para serem homossexuais, trocavam experiências, planejavam o dia em que todos se veriam livres (aqueles que tinha problemas com isso) da família que os reprimia. Perdeu a virgindade cedo, 12 anos, só poucos amigos sabiam; costumavam transar entre si quando brincavam. A escola fazia-o sentir segura em descobrir sua sexualidade do jeito que queria, sem precisar ter medo do preconceito. Descobriu-se passiva, nunca teve vontade de ser a parte ativa. "Não é que eu não faria, é que não fico excitada com isso, prefiro dar... hahahah" ria-se com os/as amigos/amigas. O projeto do governo ajudou Bianca a se sentir parte da sociedade. Antes ele tinha vergonha de paquerar outros garotos por medo que descobrissem, mas ultimamente olhava pra todos garotos que achava atraente. Buscava em todos aquilo que vivia escondido nela: o seu lado feminino, a homossexualidade que ela aprendeu ser natural e normal. Queria uma sociedade livre e sem preconceitos.

Uma vez, voltando meio tarde pra casa, foi paquerada no meio na rua por um garoto que parecia ter uns 16/17 anos, "e ele nem parece gay, que demais!". Ele deu um aceno com a cabeça chamando bianca para um local meio escuro no parque, onde ele estava sentado, já com a mão no pau que parecia duro. Bianca excitada arrumou seu decote de meias, o cabelo, a saia, enquanto seguia para encontrar-se com o rapaz. Ele trajava uma jaqueta jeans desbotada, coturnos de cadarços brancos e sempre mantinha o sorriso enquanto bianca se aproximava. Ao se encontrarem, antes mesmo de se cumprimentarem, o garoto a pegou pelo cabelo com força, arrancando uma grande parte dos fios. O solado de borracha no seu rosto já não a deixava tão excitada. Em cada pontapé que tomava, Bianca sentia-se sua mãe e lembrava das noites que ouvia ela apanhar por não querer transar com seu pai. Morreu pensando "homens, não sabem amar".
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Não existe nenhuma forma correta de comportamento, existem as maneiras pessoais e não impostas.



Um comentário:

  1. Muito bom o post!
    Não tinha tido acesso a esses vídeos ainda.
    O primeiro me assustou um pouco, embora eu saiba que muitas pessoas ainda pensam assim. Mas tomara que esse projeto consiga sair do papel.

    Obrigada pela força em meu blog.
    Te seguindo.

    Beijão

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